Recuperando o Tempo Perdido: Por que Recusamos o Método e como ele ainda Poderia nos Ajudar
Abstract
Este trabalho possui dois objetivos principais. O primeiro é investigar os motivos pelos quais o movimento dos métodos no projeto (design methods movement), surgido na Inglaterra nos anos 60, não chegou a influenciar significativamente o ensino e a prática da arquitetura no Brasil. Ao contrário do que ocorre em outros países, em especial nos Estados Unidos e na Inglaterra, os arquitetos brasileiros sempre viram os métodos de projeto com ceticismo, julgando-o incompatível com a atividade criativa. Entre as prováveis causas desta atitude estariam (1) as origens de nosso ensino da arquitetura, baseado principalmente na École des Beaux Arts, (2) o sistema de trabalho dos arquitetos brasileiros, baseado em pequenos escritórios e em talentos individuais; e (3) a ausência, no Brasil, de uma discussão sobre sistemas de projeto auxiliados por computador. Uma vez compreendidos estes motivos, surge o segundo objetivo desta pesquisa: verificar se o estudo dos métodos de projeto poderia, ainda hoje, contribuir para a prática e no ensino da arquitetura. Estudos mais aprofundados sobre a o projeto arquitetônico, como a modelagem computacional de etapas isoladas do processo por meio de técnicas da IA, são discutidos. Conclui-se que mais importante que o uso e o desenvolvimento de novos métodos de projeto é a compreensão profunda dos processos cognitivos envolvidos nessa atividade. Finalmente, sugere-se que estes estudos poderiam auxiliar no desenvolvimento de novas estratégias para o ensino do projeto arquitetônico hoje no Brasil, devido à atuais características de nossos alunos.