O Urbanismo Paramétrico de Zaha Hadid: Emergências, Limites e Perspectivas.
Abstract
Nas últimas décadas, houve um avanço extraordinário no desenvolvimento de ferramentas de desenho paramétrico, sistema no qual os parâmetros do modelo é que são declarados e não a sua forma. Essas tecnologias vêm sendo paulatina e deliberadamente transladadas das indústrias aeroespacial e automotiva para Arquitetura e para o Urbanismo, constituindo o que vem sendo chamado de urbanismo paramétrico - um procedimento teórico e metodológico desenvolvido no âmbito da prática do escritório Zaha Hadid Architects para o projeto urbano de larga escala. No entanto, é verificado nos discursos de vários autores envolvidos com a prática do referido escritório que, apesar das potencialidades oferecidas pelo urbanismo paramétrico para aumentar a eficiência e qualidade das propostas urbanas, o modelo é sensível apenas a parâmetros formais, ambientais e funcionais. Parâmetros de configuração do espaço, fundamentais para o entendimento das dinâmicas urbanas, bem como para a proposição de novas formas urbanas, não são explorados. Este artigo analisa, portanto, a emergência desse novo modelo de urbanismo, procurando identificar seus limites e apontar perspectivas para seu aprimoramento. O artigo está estruturado em três tópicos principais: (1) Emergências, onde se discute a emergência do urbanismo paramétrico no contexto das recentes teorias do Design e da Computação; (2) Limites, onde são apresentados os pressupostos teóricos do urbanismo paramétrico e analisados três projetos urbanos produzidos pelo escritório Zaha Hadid Architects entre os anos de 2001 e 2008 (One North Masterplan, em Cingapura; Kartal-Pendik Masterplan, em Istambul e Thames Gateway, em Londres), procurando identificar os parâmetros explorados e apontar as limitações do modelo; e, por fim, (3) Perspectivas, um tópico conclusivo, onde são propostas possibilidades de aprimoramento do modelo a partir da introdução de parâmetros de configuração espacial, fundamentados nos paradigmas de urbanidade e formalidade, como formulados por Frederico de Holanda. Argumenta-se que o modelo poderia ser aprimorado se tais parâmetros fossem explorados.