Algumas Lições do Conceitualismo na Era da Revanche Pragmatista: Uma Reflexão Sobre o Papel da Teoria para o Projeto como Investigação em Peter Einsenman e Daniel Libeskind
Abstract
Este texto debruça-se sobre o problema da relação entre teoria e projeto, entre o universo das reflexões intelectuais, críticas e analíticas que extrapolam a disciplina arquitetura e o ato mesmo de projetar. A palavra CONCEITO tem sido usualmente empregada para se referir ao ponto de contato entre idéia e FORMA. Na segunda metade do século XX, avolumaram-se movimentos que ressaltaram essa relação e expandiram os limites das teorias que deveriam se fazer confluir na invenção da forma. A supervalorização da teoria se via tanto na consolidação de uma prática teórica, bem como na atenção dada a uma produção arquitetônica de vanguarda que explicitava seus operadores teóricos e metodológicos, da qual se destacaram Peter Eisenman e Daniel Libeskind. Da dedicação à teoria, esses arquitetos estabelecem “problemas arquitetônicos” que são então investigados no meio do próprio objeto, na invenção de poéticas a partir principalmente de uma explícita manipulação e reflexão sobre o PROCESSO de geração formal. No entanto, presenciamos uma reação contra esse conceitualismo na arquitetura, numa tendência que condena a teoria adotada como discurso retórico e legitimador de arbitrários jogos formais. Embora esta crítica pragmatista não representa o desaparecimento da teoria, mas sim a introdução de outras formas de pensamento alternativas ao dominante paradigma lingüístico, levanta o risco dessa defesa pelo puramente pragmático acabar por legitimar uma prática de projetos avessa a qualquer debate intelectual, que evita a explicitação crítica e revisão dos pressupostos e idéias sobre arquitetura subtendidos em suas produções. Acredita-se que devem ser resgatadas algumas lições que se pode apreender de uma revisão crítica da abordagem conceitualista, sobre suas experiências de translação de conceitos aos procedimentos de geração formal. Advoga-se que essa produção contribui para o desenvolvimento de estratégias projetivas diagramáticas não lineares e para a distensão das possibilidades formais da arquitetura.