Aprendendo com as Favelas - O Jeitinho como Ferramenta de Projeto
Abstract
A questão que se discute já não é mais, felizmente, relativa à remoção e relocação dos habitantes das favelas para áreas longínquas da cidade. Hoje, o direito à urbanização é um dado quase incontestável, a questão das favelas já não é mais simplesmente social e política mas deve passar obrigatoriamente por uma dimensão cultural e estética. A ‘arquitetura’ das favelas difere da arquitetura da cidade formal e possui características próprias. As favelas possuem um universo espaço-temporal próprio e ao mesmo tempo fazem parte da cidade, é imprescindível que nós, arquitetos, possamos compreender um pouco melhor essa diferença. O que podemos aprender com as favelas? Os arquitetos e urbanistas responsáveis por projetos e intervenções em favelas, na maioria dos casos, tentam impor sua própria lógica construtiva, diretamente ligada à cultura e estética da cidade formal. Entretanto, os arquitetos, como tantos artistas já fizeram, poderiam agir de maneira oposta, ou seja, através da criação de uma nova metodologia de ação inspirada na própria maneira de construir das favelas. As favelas poderiam inspirar os jovens arquitetos a desenvolver um maneira singular de se construir e de se intervir nas cidades (não somente nas próprias favelas). O processo construtivo das favelas, o jeitinho de construir como ferramenta de projeto pode vir a ser um novo tipo de base instrumental para a arquitetura e o urbanismo, que possibilitaria uma maneira diferente de se pensar o projeto.