Repensar a arquitetura para um novo ecodesenvolvimento
Abstract
A prática e a educação em arquitetura evoluíram como ferramenta para servir o crescente poder da economia de mercado sobre a terra, os recursos e as pessoas. O controle das forças capitais sobre o ambiente humano, conduzido pela globalização, produziu desigualdade social e crise ecológica. As cidades, enquanto habitat humano, são mais do que locais para a distribuição desigual de riqueza, produção, pobreza, acumulação e resíduos. A auto-‐organização é a propriedade que permite que sistemas complexos urbanos desenvolvam sua autonomia e sejam menos vulneráveis a mudanças externas. Resiliência é a propriedade que emerge deste processo, a fim de lidar com mudanças ambientais imprevisíveis. Com base nas atuais práticas desenvolvidas no estudo de caso do Dondo, localizado na região Central de Moçambique desde a independência em 1975 em diante, o sistema urbano auto-‐organizado pode evoluir sem intervenção planejada por uma autoridade centralizada. Atualmente, a importância que a dimensão espacial tem para o desenvolvimento urbano sustentável e justiça espacial, torna-‐se menos sobre tecnologia, poder e capital, e mais sobre como o espaço é efetivamente produzido e usado para responder à demanda local da sociedade e suas condições naturais. Portanto, chamando a atenção para a produção e gestão espontânea da habitação, do espaço urbano e dos recursos naturais como forma positiva de crescimento urbano, este artigo sugere novos fundamentos para uma arquitetura liberada. A arquitetura poderá recuperar a sua responsabilidade social e ecológica unindo esforços multidisciplinares em processos colaborativos mutuamente benéficos envolvendo a comunidade, atores urbanos e decisores, para acionar um novo ecodesenvolvimento.