Tectônica e estereotômica: ensino de projeto através da apropriação de forças opostas
Abstract
O ateliê de projeto é um espaço de constante reflexão e movimentação ao redor de temas recorrentes. A escolha de um referencial teórico estimulante para os estudantes e para a equipe docente pode significar um salto qualitativo no processo de projeto, bem como no produto final. Neste contexto, a investigação sobre tectônica e estereotômica como forças opostas e complementares dentro de um instrumental prático tem desencadeado uma experiência profunda para estudantes de arquitetura do segundo ao quinto ano, mostrando-‐se argumento válido para determinadas escolhas durante os exercícios. Tectônica é um termo emprestado da geologia e faz referência às placas tectônicas que se movimentam num eterno exercício de acomodação e, em arquitetura, faz referência principalmente a estruturas espaciais leves e articuladas. Estereotômica, por sua vez, deriva de estereotomia, que significa corte em pedra, faz menção à arte ou ofício de esculpir ou escavar pedras e, em arquitetura, remonta à ideia de fatiar ou cavar algo maciço. Durante as experiências no ateliê de projeto, constatou-‐se que a análise da relação entre tectônica e estereotômica em obras como a Casa Blas, de Alberto Campo Baeza, a Casa de Chá Boa Nova e as Piscinas em Leça de Palmeira, ambas as obras de Álvaro Siza, conjuntamente com a reflexão sobre pertinência e caráter, contribuem substancialmente para o desenvolvimento de estruturas mentais capazes de enfrentar, com mais segurança e adequação, questões materiais do projeto como a escolha dos sistemas construtivos mais satisfatórios para cada caso, bem como as interfaces entre eles.