Árvore x Semilattice: Estratégias de concepção da forma urbana na escola francesa de urbanismo e no modernismo funcionalista
Abstract
O presente estudo propõe-se a comparar as estratégias de concepção da forma urbana na escola francesa de urbanismo e no modernismo funcionalista, duas “escolas” de urbanismo que foram contemporâneas na primeira metade do século XX. A escola francesa possuiu um papel preponderante na constituição disciplinar nesse período, especialmente na concepção de planos urbanísticos. Ela iria perpetuar a maior parte dos princípios compositivos da arte urbana, denominados por Kostof (2012) de grand manner, mas diante de novos desafios: conjugá-los às demandas da modernidade e à cientificidade disciplinar. Um dos principais fatores que levaram à proscrição da escola francesa se deveu justamente à sua superação pelo urbanismo funcionalista, que se firmou após a segunda guerra mundial. Neste artigo, propõe-se uma comparação entre as estruturas formais das duas correntes urbanísticas citadas, a partir da concepção de Christopher Alexander em seu célebre texto “Uma cidade não é uma árvore”. Esse autor propôs uma classificação em dois tipos de estruturas: “em árvore” e em “semilattice”. O primeiro tipo (“em árvore”) foi associado ao funcionalismo, conforme explicitado por Alexander. Buscou-se observar, por outro lado, que os princípios formais da escola francesa aproximavam-se do segundo tipo (em “semilattice”), favorecendo a complexidade inerente ao tecido urbano. Uma breve comparação entre tais escolas concorrentes pode fornecer algumas pistas acerca das diferenças entre seus pontos de vista, bem como da pertinência dos legados de ambas para o urbanismo contemporâneo.