Arquitetura e Construção: Unidade de Linguagem em Prática Didática.
Abstract
Em parte significativa dos arquitetos há um afastamento entre a ação projetiva e a produção da obra. Um tipo especial de construção, desvirtuadamente alçada à qualidade arquitetônica por estratégias comerciais, intensifica a distinção entre construção e arquitetura, universos indissociáveis de uma mesma linguagem. São as edificações erigidas pela pressão dos agentes especulativos do mercado imobiliário e aquela realizada descontextualizadamente e descompromissada com a contemporaneidade. Evidente que essa situação não é fato isolado, pois, além de questões relacionadas a uma economia globalizada, inclui-se a presente realidade política e cultural brasileira onde o estado brasileiro foi renunciando gradualmente a um protagonismo que o levara nas décadas de 1940 e 1950, a expressar simbolicamente através da arquitetura, seu projeto de modernidade. Na relação ensino-aprendizagem da arquitetura aparece a mesma dicotomia entre o projetar arquitetônico e as disciplinas técnicas. Apesar dos esforços de planos pedagógicos, estabeleceu-se um contexto favorável à incompreensão da unidade lógica entre a linguagem da arquitetura e a da construção por parte dos estudantes e, conseqüentemente, por significativa parcela dos profissionais. Se não existir uma linguagem consistente não se produzirá uma interação produtiva entre os indivíduos e a sociedade. A partir desses pressupostos introduziu-se um tema denominado “Arquitetura e Construção” em uma atividade do 9º semestre do curso de arquitetura e urbanismo da UPM, denominada Atividade 4, onde se experimentam estratégias para o desenvolvimento da visão sistêmica entre os diversos compromissos e propósitos estabelecidos no processo projetivo e os aspectos técnicos envolvidos na consecução das propostas arquitetônicas. As ações estratégicas dessa temática apóiam-se em aulas expositivas, debates em sala de aula e em exercícios. Os exercícios criam uma dialética entre desenhos com sucessivas aproximações e distanciamentos do objeto estudado, pesquisando as conseqüências dos resultados obtidos. Há uma inversão significativa do método em que estão habituados os estudantes, gerando um facilitador do entendimento da linguagem arquitetônica em suas múltiplas manifestações.