Projeto e Ensino
Abstract
Este artigo pretende discutir os fundamentos do ensino de projeto de graduação através de algumas figuras produzidas no atelier, sobretudo na etapa do processo convencionalmente denominada estudo preliminar, na qual se definem as principais relações entre o todo e as partes do edifício; e entre este e o seu contexto urbano. Através de uma sequência de desenhos e maquetes produzidas no atelier, pretende-se demonstrar e discutir como cada projeto vai armando a sua lógica interna em sua fase inicial de partido, desde a interpretação programática à leitura própria do entorno, que considera a lógica histórica da cidade, mas seleciona traços que possam servir de apoio às estruturas compositivas que, desta forma, organizam-se em torno de uma re-significação ou releitura no sentido da analogia literária trazida pelo conceito de collage aplicado ao contexto narrativo do projeto.1 O eixo escolhido para a inserção desta discussão é o da Intervenção, pois o atelier em questão tem como tema a proposição de um edifício público – “o museu que começa como armário ou caixa”2, peça urbana que reinterpreta e complementa uma área de patrimônio semi-degradada da cidade de Porto Alegre; situação na qual a condição cultural e de “sistema estético”3 do projeto emerge da invenção de relações arquitetônicas consistentes entre forma, programa e sítio. A palavra projeto designa tanto um estado, uma produção documental, “um conjunto de especificações e representações que permitem construir o objeto representado, (...) suas formas, dimensões e materiais”4, quanto um processo de coordenação de ações. No atelier de projetos, a meta corresponde à primeira acepção do termo, mas é na segunda que se abrem as oportunidades de pesquisa coletiva instauradora de um possível campo cognitivo social, formativo e mutante: um meio de investigação.