Três Vinholas no Brasil do Século 19
Abstract
Publicado pela primeira vez em 1562, o Regola delli cinque ordini d’architettura – um tratado quase que exclusivamente gráfico – de Iacomo Barrozzi da Vignola se tornaria o best-seller arquitetônico de todos os tempos, seu sucesso alcançando até meados do século 20. Vignola, ou Vinhola entre nós, findou por tornar-se não apenas a denominação da obra do arquiteto italiano, mas também substantivo comum, nomeando genericamente manuais de projeto e de construção. Dentre os diversos vinholas em circulação no Brasil no século 19, deteremos o estudo nos três exemplares em português a que tivemos acesso: o Vinhola dos proprietarios (Paris, 1879), de Moisy e Thiollet; o Tratado pratico elementar de architectura ou Estudo das cinco ordens segundo Jacques Barrozio de Vinhola (Rio de Janeiro e Paris, 1893), de Jean-Arnould Léveil, e o Vinhola brazileiro (Rio de Janeiro, 1880), de Cesar de Rainville. Nenhum deles é uma simples tradução do original. Os dois primeiros partem do mesmo princípio – a exposição gráfica das cinco ordens clássicas e de suas aplicações, acompanhada por breves explicações textuais –, porém estendendo o universo de aplicação dos elementos greco-romanos. Por sua vez o Vinhola brazileiro vai além, é um tratado predominantemente de construção tendo por base a influente obra de Jean-Baptiste Rondelet, L’art de bâtir (Paris, 1802). Tais variações do que era então entendido e aceito como um legítimo vinhola dão a medida da ausência de distinção entre projeto e construção que vigeria até tão recentemente como os meados do século 20, sugerindo um profícuo campo profissional para o arquiteto e o engenheiro de hoje.