A Praga do Infinito e a Ressurreição do Lugar
Abstract
Na academia e na prática profissional há hoje ausência de consenso ante as questões de desenho da cida-de, em contraste com a clara hegemonia do Movimento Moderno algumas décadas atrás. Controvérsias sobre modelos de ensino e de avaliação de projetos ilustram a situação nas escolas de arquitetura. Na Fa-culdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília os entrechoques são particularmente apai-xonados, talvez dada a localização na nossa emblemática Capital. O texto relata experiência de ensino de projeto de urbanismo e como o método favorece uma visão crítica sobre a forma da cidade, para além do conhecimento “prático e implícito” mais típico do “mestre de ofício” do que do “profissional reflexivo” que não toma como dadas as ideologias do momento, mas procura desvelar sua lógica social. O método implica a compreensão da forma da cidade como variável independente que afeta nossa vida de inúmeras maneiras. Explora atributos de desenho relacionados aos nossos modos de agir, pensar e sentir e recoloca a questão do “determinismo arquitetônico”: se a arquitetura não conseguiu realizar os sonhos demiúrgicos do Movi-mento Moderno nem por isso ela é um cenário neutro onde tudo pode ocorrer, onde podemos agir, pensar e sentir dependendo exclusivamente de nossa vontade. A academia resiste a qualquer método que favoreça explicitar as implicações do nosso traço: se dele não brota uma nova sociedade nos termos pensados por nossos queridos mestres modernos, brota sim uma realidade que implica uma vida melhor ou pior – desve-lar as razões para tanto é o desafio da pesquisa.