Há lugar para o projeto de arquitetura nos estudos de pós-graduação?
Abstract
Hoje, as rápidas transformações tecnológicas, sócio-ambientais e econômicas, assim como o questionamento dos paradigmas tradicionais da arquitetura e o urbanismo (os modernos notadamente), colocam novos dilemas na formação profissional do arquiteto e, em especial, do pesquisador de pós-graduação. Novas questões temáticas se impõem como a ambiental, a tecnológica, o desafio da conservação e revitalização do patrimônio cultural em consonância com o desenvolvimento do turismo. Ao mesmo tempo em que avança a globalização, assiste-se a uma redução brutal do poder e da escala de intervenção dos profissionais do espaço urbano e arquitetônico, com a revalorização da micro-escala – a rua, o lugar, o “pedaço”, a arquitetura bioclimática, de interiores confortáveis e poupadores de energia. Neste contexto, quais são os desafios para o ensino e a pesquisa na área? Como as escolas, em particular as de Pós-Graduação, estão enfrentando essas mudanças e as novas demandas? Como se coloca a questão específica do projeto de arquitetura ? Qual o lugar da Arquitetura na pesquisa científica ? Há lugar para o projeto nos estudos de Pós-Graduação ? Os programas de Arquitetura, nos moldes atualmente existentes, oferecem condições para incorporação dos novos perfis de arquitetos e pesquisadores, em especial aqueles voltados para a prática projetual, ou seja, interessados em refletir e trabalhar arquitetura a nível de projeto, seja como modo de aperfeiçoar suas atividades cotidianas, seja como forma de capacitação para o ensino e a pesquisa na área de projeto, já que os concursos para professores têm exigido a titulação mínima de Mestre ? Como formar Mestres em Projeto ? O ensino de Pós em Arquitetura no Brasil tem dado conta desta tarefa ? Estas questões são complexas e envolvem aspectos de natureza diversa. Este trabalho não pretende aqui esgotá-las, mas dar uma contribuição a mais para o debate, colocando o exemplo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), que bem ilustra a situação também verificável em outros centros do Brasil, e sugerir alguns elementos de discussão. Abordamos questões como a formação docente, as mudanças no perfil dos pós-graduandos e a descontinuidade entre graduação e pós-graduação.