Sob a pele: motivações, meios e processos de um modo contemporâneo de se produzir arquitetura
Abstract
Este artigo defende a existência de um modo particular de se produzir arquitetura na contemporaneidade - distinto tanto da prática do movimento moderno no século XX como das tentativas deliberadas de superá-lo - o chamado pós-modernismo. Tal distinção é identificada na produção contemporânea pela ausência de um compromisso ideológico-moral ao se tratar de questões de uso e desempenho de funções programáticas e a relação destes com as expressões formais dos edifícios. A matriz conceitual proposta para determinar tal ruptura se apoia na emergência de quatro tendências recentes: (a) uma nova postura reflexiva sobre a arquitetura, com novos princípios e métodos de descrição e análise; (b) uma mudança nos meios de representação gráfica e/ou visual no processo de concepção associada ao incremento na capacidade tecnológica de execução das obras; (c) a noção de sustentabilidade ambiental como um novo paradigma ou exigência sócio-econômico-cultural mundial; e (d) a ampliação do alcance da atuação dos escritórios, rompendo limites,fronteiras e referências culturais locais em prol da realização de projetos com programas e marcas de natureza global. Entende-se, assim, que a concomitância da influência dessas tendências favorece a emergência de edifícios espacial, tecnológica e plasticamente distintos dos predecessores. Entretanto, a compreensão da prevalência dessas novas referências e possibilidades na produção atual permite com que se analise tal produção não só como um conjunto de novos produtos, mas como modos de se fazer, de se pensar e de se posicionar sobre a prática do projeto de arquitetura.