O pátio no Brasil: da casa moderna à contemporânea
Abstract
Este texto centra-se nas particularidades do pátio na produção residencial de vinte e cinco escritórios brasileiros, eleitos em 2010, por um grupo de críticos, como sendo a “nova geração da arquitetura brasileira”. Dos projetos aqui estudados, treze estão em lotes estreitos e profundos. A dificuldade de consolidar casas com pátio em lotes com deste tipo foi abordada por Gio Ponti em 1953, na revista Dommus, no texto “Idea per la Casa dell dottor T a San Paolo”. O projeto de Ponti publicado na revista vinha ao encontro de experiências que outros arquitetos italianos já vinham enfrentando em São Paulo desde as décadas de 1940 e 1950, como Daniele Calabi e Giancarlo Palanti, por meio de algumas de suas casas. No caso destes arquitetos, o desejo de criar através do pátio um microcosmos doméstico, seguro e privado, possivelmente era uma resposta às discussões da arquitetura moderna italiana, pelas quais esses arquitetos buscaram conciliar o vocabulário mediterrâneo (vernáculo/clássico) e o moderno. Simultaneamente às experimentações realizadas em solo brasileiro por arquitetos italianos, o pátio se fez também presente na produção de arquitetos brasileiros em São Paulo, como Rino Levi, Vilanova Artigas e Oswaldo Bratke. Independente da filiação ítalo-brasileira, os arranjos tipológicos experimentados nos anos 1940, 1950 e 1960, sedimentaram soluções nas quais o pátio assume papel fundamental. Como hipótese, acredita-se que essas soluções ressonem – no modo de ocupar a parcela, no nexo entre as diferentes partes e setores, ou ainda pela forma de relacionar interior e exterior – na arquitetura produzida hoje no Brasil por jovens arquitetos.