Que habitabilidade cabe nesse sonho? Arquiteturas ordinárias: outras habitabilidades para outras precariedades
Abstract
O presente artigo tem por objetivo pontuar algumas questões sobre de que lugar se parte para a construção do conceito de habitabilidade, contribuindo com os processos de assistência técnica nas moradias autoconstruídas, entendidas aqui como arquiteturas ordinárias. A problematização se dá no reconhecimento do saber das pessoas/ saber dominado, dentro dos territórios autoconstruídos para fazer frente ao saber hegemônico/ disciplinar. A discussão perpassa esses saberes para chegar ao empoderamento do homem ordinário no reconhecimento de suas maneiras de fazer, e de como suas ações, táticas e desvios materializam a sua moradia. A reflexão questiona o modo “próprio” com que os conceitos de habitabilidade e o de precariedade são construídos. O rebatimento da discussão conceitual acontece na atualização, em 2014, de cadastros de duas moradias realizados no processo de assistência técnica ocorrido em 2006, nos territórios de Recanto Feliz e Paraíso Azul, em Salvador. Os dois casos demonstram o enfrentamento da precariedade de diferentes maneiras, sem assistência técnica, resultando em habitabilidades diversas, e em tempos também diversos. Revelam-se ações, “táticas e desvios” das regras postas e a busca pela “casa dos sonhos”. Por fim, reconhece-se que o saber das pessoas materializados na autoconstrução sugere outras habitabilidades.