Questionando o jogo de espelhos: fachadas brutalistas em edifícios altos, 1950-70
Abstract
A resolução compositiva, material e técnica das fachadas é um dos temas primordiais da experimentação arquitetônica dos últimos dois séculos, e consequentemente, dos investimentos na indústria de base da construção civil, a partir da era industrial. À busca da necessária inovação das fachadas em programas até então inéditos, como no caso dos edifícios de grande altura, também resultou inicialmente em uma maior incidência de problemas e falhas técnicas, gerando conflitos tanto de natureza construtiva, como de cunho conceitual e teórico. A consideração crítica desses aspectos, especialmente no caso das fachadas totalmente envidraçadas, vem sendo debatida desde pelo menos os 1940, em diversos fóruns profissionais e através da proposição de exemplos alternativos. A realização de uma ampla e cuidadosa pesquisa mostra uma extensa variedade dessas ocorrências, algumas bastante precoces. O acúmulo dessas evidências parece questionar a noção historiográfica predominante da existência da cristalização de um único “modelo” universal, de edifício em altura, a torre envidraçada de um suposto “estilo internacional”. Neste artigo esse tema é examinado a partir das informações obtidas por um amplo levantamento bibliográfico e de campo acerca dos edifícios em altura dos anos 1950-70 no âmbito da construção civil norte-americana. Vai também enfatizar alguns casos singulares, mas nem tão excepcionais, de fachadas pesadas e profundas em concreto, que oferecem um contraponto à solução mais habitualmente conhecida das fachadas leves e pouco espessas em vidro.