Arquitetura e Sofrimento Psíquico: investigando o espaço interdisciplinar. Um Estudo de Caso com os Centros de Atenção Psicossocial - CAPS

Abstract

Este trabalho tem como objetivo apresentar uma experiência interdisciplinar vivenciada na disciplina de Projeto de Arquitetura V, pelos alunos dos cursos de Arquitetura e Urbanismo e de Psicologia da FAVIP. Esta atividade teve como foco o estudo dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), dispositivos estratégicos para a efetivação da Reforma Psiquiátrica no Brasil. A missão destes Centros consiste em prestar um atendimento às pessoas que sofrem com transtornos mentais severos e persistentes, oferecendo cuidados clínicos e de reabilitação psicossocial, com o objetivo de substituir o modelo hospitalocêntrico. Atualmente, o Brasil conta com estes serviços em todos os estados da Federação através do Sistema Único de Saúde. No entanto, a estrutura física para implantação desta nova realidade constitui-se tema pouco discutido no âmbito acadêmico, mas muito presente no cotidiano dos serviços de saúde mental. Deste modo, a discussão gerada atinge o âmbito da interdisciplinaridade entre os cursos de arquitetura e psicologia, através do reconhecimento da relação sujeito-ambiente, a fim de buscar explicações e otimizar a relação entre sofrimento psíquico, experiência humana e ambientes físicos e sociais. Para a realização da atividade coube ao curso de arquitetura e urbanismo traduzir os aspectos estéticos, construtivos e funcionais do CAPS, preocupando-se com a elaboração de propostas centradas na percepção e demandas do usuário, num esforço de conjugar-se as dimensões epistêmica, política, técnico-assistencial e sócio-cultural que estruturam a reforma psiquiátrica no entorno do eixo da clínica ampliada. Desta forma, os desafios estabelecidos foram os de criar espaços humanizados, centrados no usuário, colaborando com o exercício de sua autonomia e de promoção de sua cidadania através do estabelecimento relações ético-políticas com o espaço que o acolhe, elemento fundamental da desejada reinserção social. Dentre universo trabalhado 70% dos projetos do CAPS II propostos pelos alunos atingiram o resultado esperado - espaços humanizados e que remetem a ressocilização dos usuários.