dc.description.abstract | Cidade contemporânea, lugar das diferenças, onde ocorrem sucessivos processos de inclusãoexclusão. Cidade onde lugares trocam de função rapidamente, ao mesmo tempo em que sofrem processos de degradação e reutilização, compatibilidade e incompatibilidade sobrepostas (SECCHI, 2006). Tais transformações pressupõem evoluções de valores em relação ao modelo precedente, tal como a introdução de novas práticas e processos. Em meio a tal dicotomia, pressupõe-se pluralidade, diversidade e complexidade. Projetar a cidade não significa resumir-se a continuação do que vem sendo produzido, segundo demandas pré-estabelecidas pelo mercado. Richard Rogers (2003) explica que a busca do lucro em curto prazo faz com que incorporadores optem pelos edifícios monos-funcionais, já que facilitam a padronização e comercialização. Entretanto, a introdução de novos conceitos possibilita novas formas de viver e usar os espaços, promovendo maior senso coletivo e melhoraria das relações sociais entre as pessoas. Na realidade brasileira, continuamente, o privado vem sendo colocado como principal e uma possível estratégia seria equalizar a importância dos espaços de modo que haja uma “urbanização do privado” onde os edifícios tenham caráter cada vez mais urbano e integrado à cidade e espaços individuais se tornem coletivos (SOLÀ-MORALES, 2001). A intenção deste trabalho é assumir tal realidade e propor novas formas de reorganização do espaço, através da sobreposição de funções e articulação entre espaço público e arquitetura. A intervenção proposta funciona como um “núcleo compacto”, composto por equipamentos que atendem as necessidades imediatas da população tanto como dos freqüentadores esporádicos da área. Ao invés de um único e exclusivo edifício e uso, pensou-se em uma série de equipamentos que comporiam uma quadra permeável, geradora de mobilidade e espaços de convivência. Entre os principais objetivos está o de privilegiar o pedestre que é um dos grandes usuários da região e possibilitar o retorno dos espaços públicos e miolos de quadra como espaços de renovação, muitas vezes somente encarados como espaços residuais. O programa de atividades da quadra urbana é composto, por: biblioteca, cinema, centro de apoio a educação, habitações, escritórios, comércios e restaurantes. Tais usos acontecem em diferentes situações e pavimentos, permitindo integração entre atividades e pessoas com o princípio de estimular os contatos, a segurança natural dos espaços e um maior senso coletivo. Partindo de uma reflexão sobre a cidade contemporânea assume-se como eixo/atitude: Intervenção. As palavras-chave escolhidas foram: Conceito e Processo. O projeto parte de alguns conceitos que nortearam todas as intenções e rebatimentos no projeto, tais como: usoscombinados, permeabilidade, legibilidade e áreas de transição, já discutidos por muitos autores. Entre eles está Jane Jacobs (2000) que denomina o conceito de “usos combinados”, combinação de usos principais e secundários que promove a multiplicidade e mistura de tipos de pessoas usando os mesmos trajetos em diferentes horários, gerando a segurança natural das ruas, o surgimento de novos contatos e a interação e interdependência entre usos. A área de intervenção escolhida: Santa Cecília caracteriza-se pela degradação e desvalorização, entretanto, interessantes espaços aparecem nesse contexto, como é o caso do Largo de Santa Cecília que configura o principal espaço público da região, através da confluência de pessoas e atividades. O desequilíbrio de freqüências de usos da área provoca grande movimentação de pessoas durante o dia e esvaziamento noturno, caracterizando a região como nó de passagem, característica presente na maioria dos bairros centrais da cidade de São Paulo. A estratégia de intervenção partiu desse cenário, com o intuito de respeitar fluxos existentes e eixos de usos, visando tornar usuários esporádicos em freqüentadores permanentes, usufruindo das atividades da área central. | pt_BR |