dc.description.abstract | O projecto é a primeira notícia da visibilidade do objecto arquitectónico. O grande problema que se coloca, quando falamos de projectar em Arquitectura, é que nós – os seres humanos – não habitamos somente com os olhos (efectivamente, não habitamos o objecto arquitectónico como “habitamos” numa sua imagem, numa sua representação, em suma, no seu projecto). O habitar ficcionado que a imagem projectiva implica e que o arquitecto produz é isso mesmo: uma ficção visual. Mas nós – os seres humanos – habitamos o objecto arquitectónico com o corpo inteiro. Se for verdade que o projecto – plantas, alçados, cortes, perspectivas, axonometrias, etc. – é, como acreditamos, o primeiro sintoma da visibilidade de um objecto arquitectónico a edificar; se for verdade, como estamos convictos, que a Arquitectura é muito mais do que o objecto arquitectónico – projectado e/ou edificado – e que é, e isso sim, uma relação entre esse objecto e esse Homem hipotético que nele tenta expressar a sua vida através do seu corpo inteiro; se for verdade que essa relação objecto arquitectónico/ser humano tem o nome de habitar; então: que ensinam ou investigam as escolas de Arquitectura? É que a Arquitectura, enquanto relação, só se vê cumprida no final de um processo: imaginação, projecto, edificação, habitar; um processo que as escolas “de Arquitectura”, abandonam no meio do caminho; quer dizer: ficamos irremediavelmente sempre no projecto, no papel riscado pelo lápis num desenho ou no écran do computador, quando a Arquitectura é muito mais do que isso. Corremos o risco de em vez de termos escolas de Arquitectura, termos, afinal, escolas de projecto ou escolas de imagens ficcionadas que nunca alcançam o seu fim? Esse, parece-nos, é o grande debate no ensino e na investigação em Arquitectura na actualidade – sobretudo no seio do ambiente académico. | pt_BR |