dc.description.abstract | Eupalinos dizia a Fedro ‘...ao compor a morada, ao buscar sua forma com amor, aplicando‐me em criar um objeto que delicie os olhos (...) o corpo é um instrumento admirável’1. O aprendizado arquitetônico mais básico, historicamente fundamentou‐se no entendimento da própria estrutura corpórea e da imagem que se construiu dela. Uma tradição cujo registro inicia em Vitrúvio, a teoria primeira da disciplina, comparando o corpo humano diretamente com o corpo da construção – livro III, capítulo I do De Architectura. A noção deste corpo é fundamental para o entendimento da realidade, o corpo é usado para designar não somente conceitualmente como também materialmente a realidade, e transcende a necessidade de explicar o significado da proporção, simetria e harmonia na arquitetura. A possibilidade do aprendizado da arquitetura, e mais especificamente do ato de projetá‐la, passaria então por uma capacidade de compreender este corpo. Assim, qual a imagem que se cria a partir do corpo contemporâneo? Este artigo investiga esta potencialidade projetual, entendendo a necessidade da construção de uma imagem deste corpo. Para isso utiliza‐se o recurso das ‘imagens poéticas’ de Bachelard (1993), onde este vê uma potência para desprender‐se ao mesmo tempo do passado e da realidade, abrindo‐se para o futuro: ‘como prever sem imaginar?’ A partir deste embasamento teórico, serão apresentados processos de construção das ‘imagens poéticas’ sobre o corpo contemporâneo, destacando a pele e a corporeidade material. Estas construções partem de matéria diversa e híbrida, onde figuras visuais da arquitetura, do corpo e textuais se misturam. Por fim, conclui‐se o seu potencial projetual e sua valia para a formação de conceitos no aprendizado arquitetônico, entendendo estes conceitos como meios de organizar percepções, conhecimentos e imaginações. | pt_BR |