Sobre o conceito e a forma das bibliotecas
Abstract
RESUMO O ideal de concentrar em um único espaço livros destinados à leitura pública fez surgir no universo ancestral da arquitetura um tema tão complexo quanto apaixonante: a arquitetura das bibliotecas. Desde que, no final do século III a.C., os reis ptolemaicos fundaram a Biblioteca de Alexandria (a qual, diferentemente das bibliotecas do mundo antigo, não se resumia a coleções particulares ou armazéns governamentais para consulta oficial. Ibidem, p. 27), arquitetos de diferentes épocas e lugares vêm sendo desafiados a dar a um tema mais ou menos genérico uma forma específica, muitas vezes original; a forma que, ao juízo de cada um deles, melhor representaria ou concretizaria o tema da casa pública de leitura. O arco temporal que separa a Biblioteca Laurenziana de Michelangelo (encomendada ao arquiteto em 1523) à Biblioteca de Seattle, de Rem Koolhaas, recém inaugurada, compreende centenas, milhares de projetos arquitetônicos movidos, de um lado, por princípios estéticos historicamente variáveis, e, de outro, por um imaginário social mais ou menos estável. O artigo pretende analisar a relação complexa entre esses dois pólos, e perceber como tal relação define a forma de bibliotecas historicamente paradigmáticas, com destaque para as bibliotecas públicas dos séculos XIX e XX, no Brasil e no exterior.