Reabilitação e diálogo na arquitetura dos museus e o caso da Pinacoteca do Estado de São Paulo
Abstract
RESUMO O museu como edifício, como um invólucro para guardar objetos, atua como o continente de um ator principal, o seu conteúdo. Este cenário, assume uma postura de maneira a dialogar com seu conteúdo ou não. No caso da arquitetura dos museus, baseando-nos na visão dialógica de Mikhail Bakhtin, ressaltamos a relação entre todos os elementos, tais como edifício, obra de arte, indivíduo e contexto “em diálogo” no ato da visitação do mesmo; os mesmos se relacionam de modo a dar sentido à existência da instituição. Na hipótese da existência de diferentes posturas por parte do autor de um edifício, identificamos estratégias projetuais possíveis, que surgem de uma necessidade de diálogo ou de ruptura entre continente e conteúdo, a partir e da adoção da forma abstrata, de elementos de arquitetura, de soluções funcionais ou formais na criação do objeto construído, podemos detectar tais estratégias. Dentro do leque de estratégias evidenciamos operações como a reabilitação. Na reabilitação existem minimamente dois contextos diferentes, o original do edifício e o contemporâneo, além do contexto de um acervo proposto, o que torna esta relação mais complexa, através de uma busca de diálogo entre um edifício antigo com conteúdo e função novos. No cenário brasileiro destacamos o exemplo da Pinacoteca do Estado de São Paulo. O edifício, antigamente destinado ao Liceu de Artes e Ofícios, recebeu em 1998 uma intervenção para abrigar a coleção da pinacoteca. A intervenção, assinada por Paulo Mendes da Rocha, tem um caráter dialógico em sua essência. Em palavras do autor, no memorial descritivo da obra, é evidente o conceito de respeito ao antigo e de preocupação com o diálogo. O autor propõe o diálogo entre museu e obra de arte através de uma espécie de edifício intermediário, atuando como um elemento de transição entre dois contextos que não dialogam diretamente entre si. A utilização da linguagem, bem como a cautela com a escolha dos materiais, também atuam neste sentido. Observa-se nesta investigação de caráter híbrido um caminho interessante e viável para aplicação à investigação no campo da arquitetura. Na aplicação da ferramenta ao panorama brasileiro se ensaia um caminho que revela a riqueza de sua arquitetura museística. O foco dialógico prova ser uma interessante ferramenta para o aprofundamento intelectual no campo da arquitetura e mais especificamente da museística. ABSTRACT The museum as a built object, as an evolving to keep objects, acts like a main actor’s continent, its content. This scenery assumes a posture of a dialoguing with its content or not. In the museum architecture case, based on Mikhail Bakhtin`s the dialogical vision, we can bring the relation between every elements, such as building, artwork, people and context “in dialog” in the visitation atc; these elements relate in a way to give sense to the institution. Further in the hypothesis of the existence of different postures by a building’s author, it is possible to identify possible projecting strategies, coming from a need of dialog or breaking between continent and content, from the adoption of the abstract form, architecture elements, functional or formal solutions in the object creation it is possible to detect such strategies. Between the possible strategies we bring up the rehabilitation. In the rehabilitation there are minimally two different contexts, the building’s original and the contemporary, beyond the context from the proposed artworks, what makes this relation even more complex, through a dialog searched between the antique building and the new content and function. In the Brazilian context we bring up the example of the Pinacoteca do Estado de São Paulo. The building, before used by the Liceu de Artes e Ofícios, received in 1998 an intervention to receive the new collection of the Pinacoteca. The intervention, signed by Paulo Mendes da Rocha, has a dialogical character on its scent. In author’s words, in the descriptive memorial of the construction, it appears clear the concept of respect to the antique and of concerning with the dialog. The author proposes the dialog between museum and artwork through a specie of intermediate building, acting as an element of transition between two contexts that don’t directly dialog. The use of the language, such as the care with the material choice, also acts in this sense. This hybrid investigation can be observed as an interesting an liable path to be applied in the architecture field. In the tool’s application to the Brazilian context it is opened a rich path of the museum architecture. The dialogical focus proves to be an interesting tool to the intellectual growing in the architecture field and more specifically on museum architecture.