CONTRAPONTO: O MUSEU DO ARA PACIS NO CENTRO DE ROMA E O PALÁCIO TOMÉ DE SOUZA NO CENTRO HISTÓRICO DE SALVADOR
Abstract
RESUMO Esse trabalho levanta algumas questões a partir de duas obras que incitam discussões acirradas sobre suas existências: o Museu do Ara Pacis de Richard Meier (1997/2006), tida como “(...) la prima opera di architettura realizzata nel centro storico di Roma dalla caduta del fascismo ai nostri giorni” (VELTRONI, 2007:130), em substituição a um pavilhão “provisório” de 1938 que resistiu por mais de 60 anos, localizado ao lado do Mausoléu de Augusto, na área do antigo Porto di Ripetta e o Palácio Tomé de Souza (1986), localizado na praça homônima no Centro Histórico de Salvador de João Filgueiras Lima (Lelé), arquitetura “provisória” que perdura por mais de 20 anos (com um processo pedindo sua retirada). Entre tempos, tensões, julgamentos, e situadas em outros tantos entres: moderno e contemporâneo; ruptura e conexão; descaracterização, requalificação e preservação; novo e antigo; essas obras resultam em situações bastante diversas na relação com suas preexistências. Além da geometria rigorosa, de volumes retangulares puros, de princípios projetuais em certa medida vizinhos e de muita polêmica entorno de suas construções, ambas são localizadas em áreas historicamente consolidadas e de importante presença nas respectivas cidades (também ímpares), cujos sítios sofreram outras transformações significativas. No entanto, o que nos interessa prioritariamente nessa análise é compreender para além de suas proximidades, as particularidades de cada intervenção e como momentos de ruptura podem recriar sítios urbanos ou criar efetivamente outros espaços, e o que cada uma delas determinou no embate de “perdas e ganhos” no entre da preservação / transformação. Analisá-las significa vislumbrar suas historicidades, contextualidades, os percursos e alterações dessas áreas no tempo, assim como penetrar nas soluções arquitetônicas em si e suas relações com o entorno imediato, na busca de um entendimento possível para a (re)-qualificação dos sítios de cada uma das intervenções em questão. No horizonte dessa análise a idéia de que qualquer intervenção é sempre (re)-criação, e que qualquer proposta em contexto urbano lida com preexistências, entendidas ou não como “patrimônio”. Há sempre uma existência anterior e é na valoração de cada “pré” que se dá o entendimento e a pertinência do novo, do outro. ABSTRACT This paper raises some questions regarding two pieces that incite serious discussion about their existence: the Ara Pacis Museum by Richard Meier (1997/2006) regarded as “la prima opera di architettura realizzata nel centro storico di Roma dalla caduta del fascismo ai nostril giorni” (VELTRONI, 2007:130), in substitution of a “provisory” pavilion from the 1938 that lasted for more than 60 years, localized next to the Mausoleo di Augusto, in the area of the antique Porto di Ripetta and the Palacio Tomé de Souza (1986), localized in the homonymous square in the historical centre of Salvador by João Filgueiras Lima (Lelé), “provisory” architecture that lasts for more than 20 years (with a judicial processes requiring its removal). Between times, tensions, judgments and situated in other many betweens: modern and contemporary, rupture and connection, de-characterization, re-qualification and preservation; new and antique; these pieces are in very different situations in relationship to its preexistences. Besides the rigorous geometry, of pure rectangular volumes, the similar project principles in a sense and the polemics around their constructions, both are localized in historically consolidated areas in the respective cities (also singular), which sites have suffered other significant transformations. But what interests us the most in this analysis is comprehend beyond the their proximity, the particularities of each intervention and how rupture moments may create urban sites or create effectively others spaces, and what each one of them determined in the discussion about what has been lost or gained between preservation/transformation. Analyze them means to glimmer their historicities, contextualities, the paths and alterations of these areas in time, and also to penetrate in the architectonical solutions themselves and their relations with the immediate environment, searching a possible understanding for the re-qualification of sites in each of the interventions discussed. In the horizon of this analysis the idea that any intervention is always (re)-creation, and that any proposal in the urban context deals with preexistences, regarded or not as “heritage”. There is always the previous existence and it is in the valuation of each “pre” that resides the understanding and the pertinency of the new, the other.