Carandiru: Deletado da Memória
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Date
2007-10-01Author
Viana, Lídia
Duarte, Cristiane Rose
Rheingantz, Paulo Afonso
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RESUMO Concebido com base na premissa moderna da arquitetura penal, o Complexo Penitenciário do Carandiru, inicia sua história com a Penitenciária do Estado de São Paulo, projetada por Samuel Neves e Ramos de Azevedo, inaugurada em 1920, seguida da construção da Casa de Detenção em 1956. O complexo arquitetônico teve relevante valor histórico e simbólico. Mesmo diante de tais circunstâncias, o poder público optou, em 2003, pela sua demolição, com amplo e irrestrito apoio da sociedade. O motivo alegado para sua demolição – sua inserção em um contexto urbano – deixa duas perguntas incômodas: (1) Que argumentos teriam levado as autoridades a não estudar outros usos ou até mesmo a reciclagem ou a requalificação do complexo edificado? (2) Quais foram os motivos da sua demolição? Pode se dizer que o objeto arquitetônico “Carandiru” apresenta dois tipos de memória: histórica, que representa sua importância na arquitetura penal; e coletiva contemporânea, que carrega o estigma da violência de vivências recentes. (JODELET 2002). A demolição do complexo e a implantação de um parque no local foi tida pelo governo como uma atitude simbólica de literalmente apagar esse estigma negativo, construindo em seu lugar um ambiente renovado e de conotação positiva. Com base na pesquisa sobre matérias publicadas em jornais e revistas de grande circulação, e em estudos recentes sobre a crise de valores da pós-modernidade – envolvendo mudança de paradigma, imaginário cultural do ambiente penitenciário, a evolução do sistema penitenciário e seu ambiente construído, e a especulação imobiliária - este artigo apresenta um conjunto de reflexões sobre as questões citadas, aprofundando-se nos motivos geradores da atitude oficial. ABSTRACT Conceived based on modern prisonal architecture, the Carandiru Prisional Complex, begin his history with São Paulo State Prision, a project of Samuel Neves and Ramos de Azevedo inaugurated 1920, followed by construction of Detention House. The architectural complex became an object of relevant historical and symbolic value. Even facing these circunstances, in 2003, Sao Paulo government decided for its demolition with large and irrestrict public support. The alleged reason for its demolition – its insertion in a dense urban context – leave two uncomfortable questions: (1) Based on which arguments had not been studied other uses or the recycling or requalifying of the building complex? (2) What have been the reasons for its demolition? One can say the architectural object Carandiru presents two types of memory. A historical memory that represents its importance in the prisonal architecture, and a comtemporary collective memory, that carries on the stigma of violence because of its recent incidents: crisis, rebellions, overcrowd. (JODELET 2002) Demolition of the complex and the project of a park for the area was considered by the government as a symbolic attitude of literally erase this negative stigma, building on its place a renovated environment with a positve significance. Based on a research on printed matters in newspapaers and magazines, and on recent studies on post-modernism value crisis – involving paradigm changes, cultural image of prisonal environment, evolution of prisonal system and its built environment, realstate speculation, this article presents a collection of thoughts over these mentioned questions. It deepens on the reasons that generated the official attitude.