O projeto como fonte de conhecimento – os concursos recentes no Brasil (2007-2009)
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Date
2008-01-01Author
Tinoco, Marcelo
Veloso, Maisa
Marques, Sonia
Elali, Gleice Azambuja
Trigueiro, Edja
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Esta proposta busca consolidar estudos que privilegiam o projeto de arquitetura e urbanismo como fonte de conhecimento, e será desenvolvida no grupo de pesquisa Projetar da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em sintonia com outros centros do país e do exterior. Ela objetiva analisar criticamente a produção recente em concursos de projeto de arquitetura no Brasil, cujo material gráfico e textual esteja disponível para consulta pública. Estes projetos alimentarão o PROJEDATA como base a construção de um banco de informações e imagens em projeto - -, cujo formato será definido à semelhança de uma Biblioteca Virtual Temática em Projeto de AU. A análise desta produção priorizará quatro eixos que correspondem à área de atuação dos pesquisadores do grupo envolvidos no projeto: i) formas de análise e de avaliação de projetos; ii) conceitos e formas de representação do projeto; iii) relações pessoa-ambiente como subsídio ao processo projetual; iv) relações configuração espacial e usos. Partindo desses eixos analíticos e do estudo do discurso textual e figurativo dos trabalhos armazenados no PROJEDATA, serão identificados os temas e conteúdos que, no Brasil, são trabalhados como teoria e metodologia do projeto, bem como identificados os instrumentais teórico-metodológicos utilizados, cotejando-os e situando-os conforme literatura especializada. Essa ênfase no projeto como objeto central de investigação segue uma tendência nacional e internacional da pesquisa em AU, atestada em encontros científicos recentes, e que acompanha, por sua vez, o desenvolvimento de uma cultura arquitetônica cada vez mais atenta ao fato de que é no projeto onde se materializa a idéia arquitetural. Sob esse ponto de vista, a obra arquitetônica torna-se, progressivamente, mais efêmera do que o projeto, pois, com o desenvolvimento dos meios virtuais de registro e documentação, o edifício pode até desaparecer, mas o projeto, se devidamente armazenado, fica como seu testemunho. Por outro lado, na área é notória a ausência de consenso quanto a critérios utilizados para análise e avaliação projetual, ponto polêmico seja no contexto acadêmico (no julgamento e atribuição de notas) seja no profissional (na classificação de concursos). Diante desta incerteza, é cada vez mais freqüente a tentativa de seduzir pelo discurso imagético e textual, nem sempre correspondente à essência da concepção arquitetural, o que explica a importância de analisar as justificativas das propostas com base tanto nas técnicas de representação gráfica utilizadas (facilitada pelo avanço dos recursos informacionais), quanto em (novos) conceitos de arquitetura subjacentes à proposta, e no domínio de uma gama de conhecimentos complementares, incluindo, a perspectiva propiciada por estudos derivados de áreas de conhecimento afins (como os estudos das relações pessoa-ambiente, das configurações espaciais e usos do espaço projetado). Vale salientar que o projeto é aqui considerado como área de investigação prioritária na medida em que boa parte do ambiente urbano – a cidade formal – resulta de projetos. Assim, a qualidade do ambiente construído, e de sua população, depende, ao menos em parte, da qualidade do projetar. Por fim, caberia ressaltar o papel democratizante que o PROJEDATA poderá vir a desempenhar, por um lado, favorecendo o desenvolvimento da pesquisa em AU, ainda pouco consolidada em relação a outras áreas do conhecimento, sobretudo na sub-área de projeto e, por outro, reconhecendo o empenho de um grupo de pesquisa de um centro, que embora constitua um dos melhores cursos de graduação do Brasil, é ainda considerado periférico (por ser do Nordeste brasileiro), dando-lhe meios que permitam consolidar esforços já desenvolvidos de integração a redes nacionais e internacionais que trabalham sobre o mesmo tema.