Relação forma-uso como indicador de urbanidade em espaços públicos: uma reflexão baseada no estudo de praças de Natal-RN.
Abstract
Como espaços ancestrais na cidade, as praças estão presentes na estrutura urbana desde os tempos mais remotos, mesmo quando ainda não tinha assumido as feições que conhecemos. Sua importância extrapola seus aspectos físicos ou composicionais, chegando até o reconhecimento de atributos de ordem subjetiva, como simbolismo ou valor afetivo. Por outro lado, atualmente a subutilização e abandono desses espaços têm gerado a chamada “crise dos espaços livres públicos”, desde a década de 1960 apontada por Jane Jacobs, Sennet e outros autores como um caminho que representa a eliminação de muitos valores da urbanidade. À luz dessas considerações, a TSE em desenvolvimento volta seu olhar para as praças públicas da cidade de Natal/RN, tomando como ponto de partida a observação empírica e as indicações da literatura na área, de acordo com a qual o uso das praças públicas tem se reduzido significativamente, em detrimento do surgimento de espaços de lazer e recreação privados e fechados, de modo que aspectos como valor cênico, ambiental, simbólico, político, afetivo e funcional estão sendo subestimados pelas várias esferas da sociedade, o que se reflete na degradação e subutilização desses locais. A hipótese a ser investigada sugere que a utilização efetiva de uma praça como espaço de permanência e lazer está relacionada à interação equilibrada de multifatores relativos à configuração espacial e funcional do espaço em si, das características espaciais do entorno, sua relação com outros equipamentos urbanos e, ainda, das características sócio-econômicas da população usuária. Com base nisso, o objetivo geral do trabalho consiste em investigar as relações existentes entre os aspectos composicionais das praças e do entorno (de ordem espacial e funcional), os usos observados e a situação sócio-econômica dos usuários, aspectos considerados capazes de gerar urbanidade ao local