Estudo bioclimático das habitações do projeto Taipa em João Câmara / RN: ênfase no desempenho térmico
Abstract
Do ponto de vista bioclimático, este trabalho descreve a adequação térmica do sistema construtivo em argamassa-taipa para o clima quente–úmido. Verifica de forma quantitativa e qualitativa, o desempenho deste sistema comparando-o a alvenaria de tijolo cerâmico com furos. Considera, para tanto, a influência das variáveis climáticas, variáveis humanas e arquitetônicas sobre o desempenho térmico das habitações. Tem como base de análise três unidades habitacionais em argamassa-taipa e uma em alvenaria, na cidade de João Câmara/RN. A análise estatística dos dados coletados evidencia que não há influência dos sistemas construtivos estudados sobre as variáveis climáticas medidas in loco, ou seja, não há sistemas construtivos dentre os estudados, com mais eficiência térmica que o outro para o clima quente-úmido. A argamassa-taipa equipara-se, portanto, a alvenaria. Este resultado também foi verificado nos cálculos de desempenho térmico de edificações. Deste modo, os sistemas construtivos em terra apresentam características térmicas adequadas ao clima quente-úmido, confirmando o que indica a bibliografia inerente ao assunto. Porém, o interesse pela alvenaria é um fator, sobretudo de ordem sócio-cultural, tendo em vista a associação que fazem entre a taipa e a pobreza. A produção de habitação em argamassa-taipa neste clima é economicamente viável e requer pouca exploração de recursos materiais e humanos, sendo que o uso de energia renovável para esse processo contribui para a manutenção do ambiente natural.