dc.description.abstract | O texto apresenta reflexões sobre duas experiências internacionais de workshops de arquitetura e urbanismo, procurando identificar seus potenciais e limites para o aprendizado do projeto ou, mais precisamente, para a concepção de ideias de futuros projetos. Tratam-se do EQUINOX – Atelier Internacional de Criação Urbana, realizado em São Luís, Maranhão (outubro, 2012), e o Workshop International d’architecture, ur - banisme et paysage: Mer, Port, Ville – L’Estaque: un territoire habité, realizado em Mar - selha, em julho de 2013, dos quais participamos diretamente, no primeiro caso, como um dos professores/orientadores pedagógicos, e como observadora crítica externa no segundo. Estes workshops, com abordagens e métodos de trabalho distintos, têm em comum os objetivos essencialmente pedagógicos – são realizados com apoio formal de instituições de ensino e envolvem notadamente alunos de graduação e professores –, mas também propõem a participação de representantes do meio profissional (ar - quitetos, paisagistas, engenheiros) e social (comunidades envolvidas). Assemelham-se também pelo seu caráter intensivo (duas semanas seguidas de trabalhos em dois ou três turnos diários) e multicultural/nacional (participação de escolas de ao menos três países distintos). A participação nos dois eventos está associada aos nossos pro - jetos de produtividade em pesquisa junto ao CNPq e de pós-doutorado financiado pela CAPES, no caso recente de Marselha. Neles, procuramos identificar e analisar os objetos, objetivos e métodos empregados nas oficinas de projeto, as relações entre os atores, os potenciais para o desenvolvimento da concepção arquitetônica e urbana e a qualidade dos processos e produtos. Neste artigo, através de análise qualitativa dos materiais coletados por meio de entrevistas e observações in loco, focaremos a questão da concepção de ideias por parte dos alunos e o nível de participação dos atores envolvidos na tomada de decisões. Observa-se que no EQUINOX 2012 a ênfase dada foi à criação de ideias abstratas, para depois se alcançar progressivamente a ma - terialidade da proposta urbana, enquanto que o WS Estaque 2013 seguiu o caminho oposto, partindo da materialidade concreta e particular da área de intervenção. Se no EQUINOX 2012 foram as escalas semântica (conceito abstrato) e formal simbólica (analogias formais relacionadas aos conceitos) as que mais intervieram no processo de concepção, no WS Estaque/Marseille dominaram claramente as escalas técnica (materialidade construtiva) e funcional (usos e funções urbanas), com pouca ênfase nos conceitos e nas referências indiretas por meio de recursos analógicos. Estas úl - timas, se existiram, deveriam ser buscadas sobretudo nos próprios sítios. Conclui-se que, apesar das diferenças metodológicas e dos produtos gerados, ambas as experi - ências foram enriquecedoras para o aprendizado dos alunos, notadamente quanto ao desenvolvimento de sensibilidades, do raciocínio analítico e do senso crítico das realidades trabalhadas, sendo no caso brasileiro maior a autonomia dos alunos para a criação de novas ideias. | pt_BR |