Valor de troca, valor de uso: alguns subsídios para (re)pensar o projeto de condomínios verticais
Abstract
Proposta: A habitação em condomínios verticais multifamiliares é uma solução de moradia usual nas grandes e médias cidades brasileiras. Esse tipo de projeto, no entanto, o imóvel é projetado tendo em vista uma demanda de mercado e não um cliente específico. Tal situação, aliada às limitações técnicas e financeiras do empreendimento (também definidas pelo mercado imobiliário), conduz à adoção de soluções standard para as unidades habitacionais, geralmente reduzidas à área mínima permitida pela legislação local. Para compensar a área interna reduzida, no programa das áreas comuns são incluídos itens voltados para o conjunto dos moradores, sobretudo relacionados ao lazer. Método de pesquisa/Abordagens: Partindo desse quadro geral, esse trabalho estudou seis condomínios verticais inaugurados entre 2000 e 2005 na cidade de Natal-RN a fim de verificar seu uso atual e avaliar a satisfação dos moradores (proprietários ou inquilinos). A pesquisa teve como base a avaliação pós-ocupação (APO) e envolveu: vistoria técnica, questionários e entrevistas com moradores e realização de grupo focal com arquitetos atuantes na cidade. Resultados: A análise dos dados mostra que, com o tempo, além de alterarem o espaço padronizado dos apartamentos buscando adequá-los a seus desejos e necessidades, os moradores passam a dar menos valor a alguns itens da área comum que inicialmente haviam motivado a aquisição do imóvel. Contribuições/Originalidade: Ao questionar os valores que são contemplados pelas propostas de condomínios residenciais atualmente lançados pela indústria imobiliária brasileira, espera-se contribuir para a discussão critica do processo de produção do seu projeto de arquitetura.