Sobre arquitetura, complexo de Cinderela, e caixas de ferramentas
Abstract
Este artigo aborda a serventia da Análise Sintática do Espaço (doravante ASE) em estudos de arquitetura, retomando objeções recorrentemente expostas ao longo de mais de duas décadas de criticismo e em contraponto a uma visão recente que denuncia seu emprego como mera caixa de ferramentas. Advoga-se a adequação da ASE ao campo disciplinar do pesquisador / professor / profissional de arquitetura, por oferecer um arcabouço teórico e analítico derivado da observação do próprio objeto de estudo – a forma construída – permitir explorar a natureza sócio espacial e o uso do ambiente construído independentemente do seu formato, tamanho, arrumação ou afinidades estilísticas, sem recorrer a analogias emprestadas de outras disciplinas nem a sofisticados modelos matemáticos, e sem a necessidade de cotejar o objeto de investigação com todas as alternativas possíveis; ainda, por expressar-se por meios gráficos, e permitir a inclusão de vertentes epistemológicas distintas, inclusive as de natureza subjetiva. Argumenta-se, ainda, que um alegado empobrecimento da discussão teórica decorrente do foco na aplicação dos procedimentos de representação e quantificação da ASE, tem estreitos laços de dependência com a questão da inserção da arquitetura no contexto disciplinar, a abrangência desse campo disciplinar; e o papel do professor arquiteto.