O que o parecer nos diz: o projeto do arquiteto na palvra do juíz - Uma reflexão sobre avaliação à luz dos concursos no Québec, Canadá
Abstract
Os concursos de arquitetura oferecem uma ocasião especial para a reflexão sobre a avaliação de projeto. Com efeito, nos concursos e mais especificamente nos concursos públicos, diferentemente das situações de ensino ou da encomenda privada, os projetos apresentados se colocam entre dois outros processos de produção discursiva . O primeiro processo diz respeito aos editais e regulamentos, peças predominantemente textuais, que se fazem, na maioria das vezes acompanhar por imagens (fotos do local, plantas dos lotes, etc). Os projetos, por sua vez, também responderão ou interpretarão estes documentos, através de imagens e ou textos. Já o parecer final do júri será eminentemente discursivo textual. Bem ou mal, nesta avaliação ha que se encontrar as palavras a serem ditas e escritas. O que se pode apreender e aprender com esta avaliação? É o que tentarei discutir, no presente texto, analisando pareceres de júri de concursos públicos de arquitetura no Québec, sob os seguintes aspectos: 1. as formas discursivas de qualificação (se genéricas e abstratas ou se concretamente aplicadas a um referente, seja este verbal ou ilustrado; se descritiva ou analítica, se adjetivada ou substantivada); 2. a natureza das propriedades qualificativas (se restrita a aspectos intrínsecos do objeto: formais, funcionais, tectônicas, etc. ou se resultante de uma "eficácia" social, de uma avaliação de desempenho); 3. as possíveis relações com teorias contemporâneas e as eventuais implicações na prática projetual (prescrições e proscrições). Utilizando a base de dados gentilmente cedida pelo Laboratoire d'Étude de l' architecture Potentielle, L.e.a.p. da Universidade de Montréal, num primeiro momento, analisarei 9 relatórios de concursos públicos realizados no Québec. Este texto prepara um segundo momento da pesquisa quando os relatórios serao reanalisado à luz dos projetos aos quais eles se referem.