Fluvius Grandis Urbis Cartographica: buscando preencher ausências
Abstract
A cidade do Natal/RN, às vésperas de completar 410 anos de fundação (1599), apresenta um conjunto construído peculiarmente destituído de vestígios remanescentes do patrimônio arquitetônico colonial, restritos a escassos exemplares. São raros também os registros cartográficos representativos da cidade nos períodos colonial e imperial, embora seja farta a mapografia sobre a Fortaleza dos Reis Magos (MIRANDA,1981 e 1999; REIS FILHO 2000a e 2000b; TEIXEIRA, 2000), localizada 3,5 km a nordeste da praça portuguesa de fundação, revelando uma atitude que encontra paralelo em outros casos de colonização européia, nos quais se privilegiou determinado símbolo de ocupação. Essa situação obriga os estudiosos da formação e do crescimento de Natal a buscar outros meios de investigação, como, por exemplo, a associaçào entre registros iconográficos e narrativas pontuais a vestígios materiais remanescentes, às vezes complementando lacunas sobre determinados momentos com simulações fundamentadas nessa articulação de fontes documentais e em tendências de crescimento que se delineiam a partir delas. Este estudo busca, portanto, contribuir nesse sentido, mediante a sistematizaçao da configuração da estrutura viária de Natal diacronicamente (1599, 1777, 1864, 1924, década de 1930, 1955 e análises previamente realizadas para as décadas de 60, 70 e 90 e 2002), apoiada na cartografia disponível, em narrativas textuais, em itens iconográficos e em tendências de expansão que emergiram à medida em que se foi procedendo a espacialização de momentos da expansão urbana, conforme a análise. Resultados apontaram que Natal se expande calcada em momentos usualmente vinculados a fatores estratégicos, delineadores de certos eixos de expansão. A comparação entre os mapas axiais revela que tais adventos modificaram as relações morfológicas urbanas, seja redefinindo a relação entre o sítio de fundação e o todo urbano, seja condicionando o surgimento de intenenções, tais quais aberturas de novas vias re-alimentadoras do processo de transformação, ao imprimir novos padrões de acessibilidade à estrutura viária.