A humanização gráfica de projetos de arquitetura: uma análise de Trabalhos Finais de Graduação
Date
2009-10-01Author
Elali, Gleice Azambuja
Liberalino, Cintia
Onofre, Carlos
Pong, Lilia
Metadata
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Como objeto de investigação, o projeto de arquitetura é um documento cujas informações podem ser analisadas sob múltiplas perspectivas. Nesse paper a tônica recai sobre a humanização da proposta, discutida com base em sua representação gráfica. Para tanto, a presença de layout (L), figura humana (FH) e vegetação (V) foram definidas como indicadores da preocupação do projetista com o uso real e os usuários. A pesquisa analisou o material gráfico de 135 Trabalhos Finais de Graduação (TFGs) brasileiros produzidos entre 2000 e 2006, disponíveis no banco de dados PROJEDATA. Verificou-se que L, FG e V estão presentes na maioria dos TFGs, mas sua representação é estereotipada, recorrendo a bibliotecas digitais de imagens e se restringindo a blocos comuns distribuídos aleatoriamente pelo desenho: (i) há layout (em geral mobiliário básico) em plantas baixas e cortes de 54% destes; (ii) a vegetação é tratada como elemento ornamental/compositivo e geralmente disposta na área externa dos edifícios (52%), sendo comum que esteja representada na projeção horizontal e seja omitida nas elevações; (iii) a figura humana se faz presente em 27% dos projetos, embora sua indicação traga consigo vários problemas contextuais. Segundo tais resultados, a inserção de elementos gráficos humanizantes nos TFGs parece atender alguma exigência específica (escolar, estética, escalar), não significando cuidados com a humanização projetual, o que é uma constatação preocupante frente à importância social da arquitetura e à potencialidade do projeto enquanto espaço edificável a ser oferecido à ação humana – consideração que justifica a inserção deste texto no eixo “situação” do Projetar 2009. Nesse sentido, torna-se essencial que os conceitos e ideais humanistas que alicerçaram a proposta projetual se reflitam em sua representação gráfica, uma prática que, para ter um adequado rebatimento na atuação profissional do arquiteto-urbanista precisa ser incentivada a partir dos cursos de graduação. ABSTRACT: As a subject of research, a project of architecture is a document, which can be analyzed from multiple perspectives. This paper focuses on the humanization of the proposals and based the discussion on the graphic representations, specially the presence of layout (L), vegetation (V) and human figure (HF) – although these variables aren’t synonyms of humanism or architectural design, here they are treated as indicators of the designer's concern with the actual use and users. The research examined the graphic material of 135 Graduate’s Final Projects (GFPs) produced in Brazil between 2000 and 2005, available in the database PROJEDATA. We found that L, V and HF are present in most works, but their representation is stereotypical, captured from digital libraries and restricted to common blocks distributed randomly through the drawing: (i) 54% of GFPs present basic furniture in plants and cuts; (ii) in general, the vegetation is treated as an ornament — it’s more present in plants and less on cuts/facades — and, in 52% of GFPs, it is restricted to the area outside the building; (iii) the human figure is present in only 27% of the projects, but with contextual problems. These results may indicate that the inclusion of humanized graphic representations in GFPs was made to meet a specific requirement (school, aesthetics, scale), and not out of care for a humanization of the design. This is a situation that inspires worry, specially considering the social importance of architecture and the design's potentiality as a built space to be offered to human action. Accordingly, it is essential to reconsider the humanization of the architectural project’s graphic representation, both in the training offered in undergraduate courses and in the role of an architect.