dc.description.abstract | O Barroco foi caracterizado por muito tempo, desde os primeiros juízos pejorativos expressos durante os séculos XVIII e XIX, como a antítese do espírito clássico. Não só nas palavras condenatórias dos críticos iluministas estavam explicitadas as subversões que aquela poética teria gerado no sentimento de equilíbrio, na beleza plena, na simplicidade desejada, na harmonia, na simetria, nas proporções naturalistas – ou seja, em todos aqueles princípios formais que deveriam compor a arte a ser classificada como clássica. Na verdade, os teóricos que participaram, em um primeiro momento, da cruzada para a redenção do fenômeno barroco, entenderam-no como uma oposição inevitável e necessária ao Classicismo. Contudo, uma avaliação superficial de muitas obras, e até mesmo de inúmeras das tendências individuais e regionais provenientes das realizações artísticas dos séculos XVII e XVIII, revelaria a reiterada postura de aberto acolhimento do espírito clássico. É possível encontrar esta atitude coexistindo, paradoxalmente, com enfrentamentos declarados à autoridade histórica da herança clássica – convivendo com intensos desvios praticados diante do legado greco-romano resgatado após o Renascimento. De fato, a filiação ao Classicismo de grande parte da produção arquitetônica do Seicento e do Settecento não excluiria, em nenhum instante, a condição barroca impressa nestas obras. Logo, este estudo pretende discutir como o Barroco acolheria, de maneira natural e coerente, a autoridade do Classicismo, bem como sua rejeição, apontando situações contraditórias através da análise de obras consagradas – expostas nas figuras apresentadas e debatidas no conteúdo de suas legendas. | pt_BR |