dc.description.abstract | A noção de precedente, desenvolvida nos ambientes onde grassou o revisionismo da cultura modernista, tornou-se crucial na crítica e na produção da arte e da arquitetura contemporâneas. Ela vem progressivamente ganhando destaque nos últimos anos no Brasil, onde o revisionismo ocorreu de forma limitada. Utilizada em artigos críticos e analíticos, mas, sobretudo no âmbito do ensino, a questão do precedente acompanha uma maior preocupação com a teorização do projeto, como atestam a multiplicação de fóruns, a exemplo do Projetar. Neste texto, as autoras partem da constatação de que este crescente uso do termo precedente é carregado de algumas imprecisões. Imprecisão semântica, que assimila precedentes a projeto correlatos ou a referências; imprecisão quanto à finalidade cognitiva atribuindo-lhe o mérito de aquisição de repertório e de vocabulário. Mas, sobretudo, pretendem destacar que ocorre frequentemente uma confusão entre teoria e método e ainda uma má instrumentação metodológica. Ou seja, o estudo do precedente, confundido muitas vezes com o de projeto correlato e mobilizado como um dispositivo teórico nos trabalhos de conclusão de curso, limita-se, na maioria dos casos, a uma mera descrição de algumas características do projeto e/ou ao seu redesenho. O objetivo é mostrar que, sem ter como guia uma teoria de projeto que ilumine a análise indicando os critérios, estudos de caso, de precedentes, ou de correlatos dificilmente podem atingir um potencial teórico epistemológico. Para discutir a questão, o presente texto tenta sair do caos semântico das noções de precedentes e das que se pretendem similares, distinguindo-a daquela de projeto correlato. Passando em seguida a ilustrar as dificuldades metodológicas desta última noção, através da análise dos Museus Cais do Sertão (Recife) e MuCEM (Marselha). | pt_BR |