Ensino de Urbanismo, Um Freio à Cidade Privatizada
Abstract
Ao ouvirmos “Faculdade de Arquitetura e Urbanismo” temos a certeza de que os profissionais formados são aptos a exercer a atividade de arquiteto e de urbanista com igualdade de competência. Essa certeza inicial é abalada ao analisarmos as estruturas curriculares propostas. Então questionamos a relevância do desenho urbano já que as dimensões da arquitetura e do urbanismo são “uno” - cada novo prédio determina uma nova urbe e qualquer intervenção urbana re-significa todas e cada uma das edificações – redesenhando a cidade sempre. Assim, a importância do ensino urbanístico é determinante à atuação e formação profissional e a questão de fundo emerge: Estamos formando profissionais capacitados para projetar na contemporaneidade marcada pelo esvaziamento de sentido do coletivo e público? É aqui que o domínio do desenho urbano se faz essencial ao preparar o futuro arquiteto e ou urbanista para projetar consciente da inter-relação entre arquitetura e urbanismo e da relação privado e público. Dar ao urbanismo igual relevância que à arquitetura é trazer a responsabilidade sobre o espaço público, a cidadania e o coletivo, freando o avanço do mercado e do privado sobre o público. É comprometer o profissional na construção permanente da cidade e assim o ensino do urbanismo tem novo fôlego. O desafio é imenso: atomização, individualização e a falta de interesse pelo urbano, coletivo e social; a burocracia das instituições e as dificuldades de mudanças; a formação de profissionais para o mercado como referenciais de sucesso; as vertentes teóricas que direta ou indiretamente reconhecem a livre construção contribuindo ao enfraquecimento dessa disciplina. É nesse contexto e sobre esse cenário que discutir o ensino de urbanismo pode contribuir ao debate do ensino e do papel das universidades no comprometimento com a construção e constituição do coletivo e público hoje e no enfrentamento da privatização da cidade.