dc.description.abstract | RESUMO Incrustado na fronteira entre Laranjeiras e Cosme Velho, o quase octogenário conjunto de edifícios art déco e o desenho urbano da rua Pires de Almeida podem ser caracterizados como um legítimo reduto de resistência de um sentimento consagrado por João do Rio em seu delicioso livro-manifesto de amor pela rua, A alma encantada das ruas. A curta frase inicial “eu amo a rua” representa o sentimento de um expressivo número de moradores que, geração após geração, ali habita. Reconhecido pela grande imprensa e pela população carioca como um lugar de qualidade para morar, este pequeno conjunto de 23 edifícios e 158 unidades de 1 a 4 quartos em torno de uma pequena praça foi construído inicialmente para abrigar os empregados de uma companhia de seguros. A explícita hierarquia funcional de sua concepção, que se destinava a abrigar os diversos níveis de funcionários, favorece a diversidade social que caracteriza o quadro atual de moradores. Neste ensaio procuramos analisar sua morfologia e espacialidade, bem como suas formas e relações dimensionais, para servir de base para o resgate de concepções que precederam o movimento moderno cujas qualidades não se resumem apenas à sua aparência. Sua importância histórica também é reconhecida por acolher, entre seus moradores e freqüentadores, artistas e personalidades de renome, e, nos “Anos de Chumbo”, ter servido de refúgio para diversos críticos do regime militar. Outro aspecto que merece ser melhor estudado, em função dos atuais problemas de violência urbana nas grandes metrópoles e, particularmente, no Rio de Janeiro, é a sensação de segurança proporcionada por sua morfologia urbana, caracterizada por habitações com janelas também no térreo e pela inexistência de elementos de segurança ostensivos, responsável pelos baixíssimos índices de criminalidade. Curiosamente, e a exemplo das vilas residenciais características do início do século XX, sua concepção tem sido preterida até mesmo nas escolas de arquitetura, em favor dos condomínios fechados, cercados, privatizados e segregadores. ABSTRACT Located in the border of Laranjeras and Cosme Velho, the quasi octogenary set of art déco buildings and urban design of Pires de Almeida Street can be characterized as a legitimate redoubt of resistance of a feeling acclaimed by Joao do Rio in his delightful manifest-book as a street lover, The enchanted soul of the streets. The short initial sentence “I love the street” represents the feeling of an expressive number of residents that, generation after generation, inhabit there. Recognized by the media and by cariocas as a quality place for living, this small set of 23 buildings and 158 units with 1 to 4 bedrooms that surround a square, was first built to shelter employees of an insurance company. The explicit functional hierarchy of its conception, aiming the different employee’s levels, favors the social diversity that characterizes the current group of residents. This article aims to analyse its morphology and spaciality, as well as its forms and dimentional relations, to serve as base to the recovery of the conceptions that preceeded modern movement, which qualities are not restricted to its visual aspects. Its historical importance is also recognized for having had among its residents and users, artists and personalities, and, in the “Lead Years”, served as refuge to many military regime critics. Another aspect that deserves a deeper study, because of today urban violence problems in big cities, and particularly in Rio de Janeiro, is the safety sensation provided by its urban morphology, characterized by windowed ground floor units and by the inexistence of ostensive safety elements, and responsible for the very low levels of criminality. Curiously, its conception, resembling the begining of the 20th Century residential ‘vilas’, have been supplanted, even in the schools of architecture, in favor of the gated, fenced, privatized and segregated communities. | pt_BR |