dc.description.abstract | RESUMO O texto apresenta uma reflexão acerca das vantagens e dos limites de projetos de reusos adaptativos de edificações históricas, que visam, em tese, a sua conservação, ou, como é mais freqüente, a sua integração à vida contemporânea. Aborda a questão do ponto de vista das intervenções projetuais circunscritas ao edifício e a seu entorno imediato, que podem ser mais ou menos modificadoras de suas unidades estética, formal e histórica. A discussão baseia-se na revisão crítica de algumas das principais referências constantes na literatura sobre o assunto, ilustrando-a com exemplos de projetos executados em edificações não modernistas, como sugere o recorte temporal proposto para este seminário. A reutilização de edifícios históricos é uma práxis cada vez mais recorrente no Brasil e no mundo, sobretudo nas grandes cidades onde praticamente não há mais estoques de áreas livres para novas intervenções, a não ser pela demolição do patrimônio edificado pré-existente ou pela sua reciclagem, requalificação, reconversão ou retrofit. E tão variadas quanto as expressões utilizadas, muitas vezes indistintamente, para designar estes processos, são as formas de intervenção por meio de projetos, não raro concebidos e realizados por profissionais sem uma formação especializada para atuação neste campo específico. Como afirma Choay, a reintegração de um edifício desativado ou subutilizado a um novo uso, subtraindo-o a um destino de museu, “é a forma mais paradoxal, audaciosa e difícil da valorização do patrimônio (2001, p.219). “A prática da reutilização deveria ser objeto de uma pedagogia especial. Ela deriva do bom senso, mas também de uma sensibilidade inscrita na longa vida das tradições urbanas e dos comportamentos patrimoniais, que por isso varia de país para país” (ibid., p. 222). Parece ser então urgente que a academia encare a questão não só como legítima como indispensável à formação dos futuros arquitetos urbanistas, cada vez mais fadados a atuar em contextos edificados pré-existentes, muitos deles de inestimável valor histórico. A análise das diferentes formas de intervenção, em especial de inserção de usos e elementos de arquitetura contemporâneos em edifícios históricos pré-modernistas (ou do “moderno” no “passado”, como definidos na chamada deste seminário) será feita, principalmente, à luz das categorias analíticas sistematizadas por Gracia (1992) em torno de três marcos projetuais operativos: os níveis de intervenção; os padrões de atuação; e as atitudes frente ao contexto pré-existente. Embora do ponto de vista teórico-metodológico os princípios de intervenção no patrimônio histórico edificado (que estão longe de ser consensuais) independam de filiações históricoestilísticas, do ponto de vista da prática intervencionista, “o sentido, a consistência e a historicidade” da obra arquitetônica no dizer de Piñón (2006), ou a sua “singularidade” na expressão de Audrerie (2003), colocam questões específicas de projeto, como, por exemplo: a correspondência entre exterior e interior ou entre caixa mural e configuração espacial interna, considerada indissociável nos projetos modernistas, e que, portanto, tornaria inadmissíveis intervenções por operação de esvaziamento interno ou por “curetagem” (Choay, 2001) em edifícios deste tipo, parece não ser considerada tão relevante em projetos de modificações em edificações não modernas, nas quais sensíveis modificações nas envoltórias e/ou em seus espaços internos parecem indicar uma possível, senão permissível, autonomia entre os mesmos. ABSTRACT This text presents a reflection regarding the advantages and limitations of adaptive re-use designs for historic buildings aiming, in principle, at their conservation or, as more frequently planned, their integration into contemporary life. This question is analysed from the viewpoint of design interventions circumscribed to the building and its immediate surroundings, which may cause either more or less modifications on their aesthetical, formal and historical units. The discussion is based on a critical review of some of the main references included in the pertinent literature, illustrating it with examples of designs implemented on non modernist buildings, as suggested by the chronological boundaries proposed for this seminar. The reutilization of historic buildings is an increasingly recurrent “praxis” in Brazil and in the world, particularly in big cities, where stocks of open areas for new interventions are scarce, except by the demolition of preexisting built heritage or by recycling , re-qualification, conversion or retrofit. As varied as the expressions then utilized, many times indistinctly, to designate these processes, are the modes of intervention by way of designs not rarely conceived and performed by professionals lacking specialized training for this specific field. As stated by Choay, the reintegration of a deactivated or sub-utilized building for a new utilization, saving it from a museum fate, “ is the most paradoxical, audacious and difficult way for the heritage valuation (2001, p.219) “The practice of re-utilization should be the object of a special pedagogy. It derives from common sense but also from a sensibility inscribed during the long life of urban traditions and behaviors regarding heritage, which therefore varies from country to country” (ibid, p.222). Thus, it seems to be urgent for the academy to face this matter both as legitimate and indispensable for the training of future urbanistic architects, increasingly led to act upon pre-existing built contexts, many of them bearing invaluable historical value. The analysis of different modes of intervention, particularly the insertion of uses and elements of contemporary architecture in historic pre-modernist buildings (or “past modern” as defined in the call for papers for this seminar) shall be mainly done with basis on the analytical categories systemized by Gracia (1992) in connexion with three operative design points: intervention levels, action standards and attitude towards the pre-existing context. Although from a theoretical-methodological viewpoint the principles of intervention on the built historic heritage (which are far from being consensual) do not depend on historicstylist affiliations, from the viewpoint of the interventionist practice “the sense, the consistency and the historicity” of the architectural work, as stated by Piñon (2006), or its “singularity”, as expressed by Audrerie (2003), place specific design questions, such as the relation between exterior and interior or between mural case and internal spatial configuration , considered to be impossible to dissociate in modernist designs, thus disallowing interventions by way of internal emptying operations (Choay, 2001) on this kind of building, this does not seem to be so relevant in modification designs for non modern buildings, where substantial modifications on their cases and/or internal spaces seem to indicate a possible, if not permissible, autonomy between them. | pt_BR |