dc.description.abstract | RESUMO Erigido fronteiro ao Passeio Público, no Rio de Janeiro, e ocupando todos os limites do lote, o edifício da Mesbla desfruta de grande destaque em relação ao entorno arquitetural, pela massa edificada, mas, principalmente, pela torre do relógio, tão característica que se tornaria, depois de o edifício realizado, uma marca registrada da crescente corporação comercial que atua como um potente marco visual urbano, de grande efeito, em que pese estar parcialmente encoberto quando visto do Aterro, pelas árvores dos parques públicos. Trata-se de uma rearquitetura, um casamento perfeito, como costumo dizer, para explicar o conjunto edificado indissociável formado pelo somatório do realizado entre 1934 e 1936 por Henri Sajous e o realizado por Arnaldo Gladosch, com data provável de construção entre 1948 e 1951. Representa uma mostra convincente do que se pode chamar de ‘circulação de idéias’, algo como uma via de muitas mãos que tomou conta da arquitetura moderna de um período alargado de produção, desde a primeira década do século XX, em grande parte reforçada, neste caso, pelas diferentes formações – alemã e francesa - dos dois arquitetos. O administrador da Mesbla - Luis La Saigne, principal personagem da empresa que se tornaria um gigante do ramo comercial, foi um cliente especial, incentivador do esmero arquitetônico encontrado no edifício residencial e loja da empresa projetada por Sajous e nas cinco lojas projetadas por Arnaldo Gladosch, uma em São Paulo, duas no Rio de Janeiro, incluindo a do Passeio e duas em Porto Alegre, que faziam parte de um conjunto maior, formado por inúmeras outras, realizadas por outros profissionais e espalhadas por todo o Brasil. Do conjunto indissociável da Mesbla do Passeio, o primeiro edifício a ser construído foi aquele projetado pelo arquiteto de formação francesa, Henri Sajous. A parte residencial com 15 pavimentos abrigava, no andar tipo, cinco apartamentos por andar. A torre do relógio demarca o acesso principal da parte residencial de 100 m de altura, balizada e salientada pelas sacadas da unidade residencial de menor área. A Loja Mesbla tinha loja de autos e salão de exposições e vazios para o térreo e as galerias. Uma composição típica de um grande número de edifícios Art Déco: corpo baixo, marcado por dominantes horizontais (no caso varandas semi-embutidas), violentamente contrastado com elemento vertical que assinala o acesso principal. A proposta de Gladosch, composta por dezessete pavimentos, distribuídos por três pavimentos de embasamento, doze pavimentos de corpo e dois pavimentos de coroamento, embora possuidora de uma unidade compositiva própria, pretendeu englobar aquela de Sajous, reforçando a percepção do conjunto. É necessário salientar que o edifício, que antes era de uso residencial e comercial, passou, com a reforma realizada por Gladosch, a atender exclusivamente às Lojas Mesbla, o que demandou de uma solução que compatibilizasse as diferenças. Aventurar-se na compreensão da arquitetura de um Arnaldo Gladosch ou de um Henri Sajous requer uma atenção especial à “circulação de idéias” ocorrida a partir de 1920, quando o Brasil se torna receptivo à modernidade e caminha para uma identidade nacional. Os brasileiros formados no exterior, como é o caso do paulista Arnaldo Gladosch, cuja sólida formação se deu na efervescente Alemanha da República de Weimar, ou do francês Henri Sajous, que aqui aportou e permaneceu por muitos anos, legaram uma importante contribuição, que ainda está por ser apreendida. A Mesbla do Passeio analisada no trabalho proposto retrata estas experimentações, ancoradas também nas formações distintas dos dois arquitetos. Não é difícil perceber quão francesa é a arquitetura do primeiro edifício de finais dos anos trinta e quão germânica é a arquitetura que incorpora aquela, no final dos quarenta, realizadas pelos dois arquitetos. ABSTRACT Erected bordering the Public Sidewalk, in Rio de Janeiro, and occupying all limits of the lot, the building of Mesbla has great highlight regarding the architectural surroundings, because of the built mass, but, mainly, because of the tower of the clock, so characteristic that would become, after the building was finished, a registered trademark of the growing commercial corporation that acts as a powerful visual landmark, of great effect, although partially hidden by the trees of public parks when seen from the Landfill. It is a rearchitecture, a perfect marriage, as I use to say, to explain the inseparable built mass formed by the addition of the part carried out between 1934 and 1936 by Henri Sajous and the part carried out by Arnaldo Gladosch, with probable date of construction between 1948 and 1951. It represents a convincing sample of what can be called 'circulation of ideas', like a road of many ways that took over the modern architecture of a period of widened production, since first decade of the 20th century, greatly reinforced, in that case, by the different backgrounds – German and French - of the two architects. The manager of the Mesbla - Luis Her Saigne, main character of the company that would become a giant of the commercial market, was a special client, motivator of the architectural meticulousness found in the residential building and the shop of the company designed by Sajous and in the five shops designed by Arnaldo Gladosch, one in São Paulo, two in Rio de Janeiro, including the one of the Sidewalk and two in Porto Alegre, which were part of a larger mass, formed by countless others, carried out by others professional and spread throughout Brazil. Of the inseparable built mass of the Mesbla of the Sidewalk, the first building to be built was that designed by the architect of French background, Henri Sajous. The residential part with 15 floors sheltered five apartments in each floor. The tower of the clock demarcates the main access of the residential part of 100 meters high, delimited and highlighted by the balconies of the residential unit of smaller area. The Mesbla Shop had cars shop and show room for expositions and empty spaces towards the ground floor and the galleries. A typical composition of a great number of Art Déco buildings: short body, marked by dominant horizontals (in this case the semi-built-in porches), violently contrasted with vertical element that designates the main access. Gladosch’s proposal, which was composed of seventeen floors, distributed by three floors of foundation, twelve floors of body and two floors of crowning, although owning its own composing unit, intended to embody that of Sajous, reinforcing the perception of the assembly. It is necessary to highlight that the building, that had been of commercial and residential use, after the remodeling carried out by Gladosch, started to attend exclusively to Mesbla Shop, which needed a solution that could make the differences compatible. Adventuring in the comprehension of the architecture of an Arnaldo Gladosch or of a Henri Sajous requires a special attention to the "circulation of ideas" occurred from 1920, when Brazil becomes receptive to the modernity and walks for a national identity. The Brazilians graduated abroad, as is the case of the native of São Paulo Arnaldo Gladosch, whose solid formation took place in the effervescent Germany of the Republic of Weimar, or of the French Henri Sajous, that arrived here and remained for many years, bequeathed an important contribution, that is still yet to be learned. The Mesbla of the Sidewalk analyzed in the proposed work portrays these experiments, anchored also in the distinct backgrounds of the two architects. It is not difficult perceive how French is the architecture of the first building of the late thirties and how German is the architecture that incorporates that, in the end of the forties, carried out by the two architects. | pt_BR |