dc.description.abstract | O novo sempre aparece na esteira de um processo de transformações, porém sem necessariamente implicar na destruição do passado. Principalmente quando dele dependemos para definirmos nossa identidade cultural e nos enxergarmos em relação ao “outro”. Este artigo pretende revelar parcela expressiva do obituário da arquitetura moderna em Natal (RN), principalmente quando se anuncia a morte de mais um exemplar, o estádio João Cláudio de Vasconcelos Machado, o Machadão, principal praça de esportes do estado; projeto do arquiteto potiguar Moacyr Gomes da Costa, inaugurado em 1972. O edifício, que já recebeu a alcunha de “poema de concreto armado”, foi considerado descartável, sem que se promovesse nenhuma discussão sobre sua importância simbólica e patrimonial para a cidade. Em seu lugar, é anunciada a construção de um complexo multiuso, contendo uma nova arena esportiva, hotéis, teatro, estacionamentos subterrâneos, prédios comerciais, shopping center e os centros administrativos do governo do Estado e da Prefeitura de Natal. Um megaprojeto concebido por ocasião da participação de Natal como cidade-sede da copa do mundo de 2014, cujo conteúdo é ainda desconhecido da população e dos profissionais de arquitetura da cidade, pois apenas uma maquete é veiculada na mídia. A ênfase do trabalho é sobre o processo que envolve este “arquicídio”. A abordagem aqui utilizada sobre a questão do patrimônio, considera o sentido atribuído ao termo alemão Denkmalpflege, “o cuidado dos monumentos, daquilo que nos faz pensar”, observando a referência à lembrança moneo (em latim, “levar a pensar”, presente tanto em patrimonium como em monumentum). Sobre esta obra marcada para morrer, foram levantadas informações junto aos jornais da cidade, ao autor do projeto, a documentos oficiais, profissionais de arquitetura e seus órgãos representativos. O caso do Machadão é apenas um exemplo dentre muitas outras mortes que não foram sequer anunciadas, ou apenas comunicadas em breves “notas de falecimento”, em rodapés de um novo texto que está sendo escrito, de uma cidade historicamente ansiosa pelo novo e pela novidade. ABSTRACT: The “New” is always born in the wake of a process of transformation, but not necessarily causing the destruction of the past. Specially when we depend upon the past to define our cultural identity and see ourselves in relation to the “other”. This article intends to reveal an expressive part of modern architecture´s obituary in Natal (capital of Rio Grande do Norte state, Northeastern Brazil), in the moment in which the destruction of yet another example, the João Cláudio de Vasconcelos Machado Stadium, known as Machadão, the state´s main sports venue, is announced. Projected by local architect Moacyr Gomes da Costa, it was inaugurated in 1972. The building, called by many “a poem of reinforced concrete”, was considered expendable, without any discussion about its symbolic and heritage-related importance for the city. In its place, the construction of a multi-usage complex, including a new sports arena, hotels, theatre, underground parking lot, commercial buildings, shopping centres and the state government´s and Natal city council´s administrative centres. A megaproject conceived by the time of Natal´s choice as host city of the 2014 World Cup, whose contents are still unknown to the population and the city´s architects, because only a maquette is shown by the media. The paper´s enphasis is on the process involving this “arquicídio”. The approach used the heritage issue, considering the german word Denkmalpflege, “taking care of monuments , of what makes us think”, observing reference to the latin moneo (“to make think”, present in patrimonium as well as in monumentum). Data about this building set to die was collected in the city´s press, the project´s author, official documents, architects and their representative institutions. The case of Machadão is just an example of the many deaths, unannounced or communicated in brief “funeral notes”, in the footnotes of a new text being written, of a city historically eager for the New. | pt_BR |